Diretrizes para pacientes com pré-diabetes ou diabetes

O texto abaixo foi elaborado pela comissão de Medicina Periodontal, e tem por finalidade disponibilizar uma orientação objetiva, curta e específica a ser distribuída aos pacientes.  O texto foi elaborado a partir do artigo publicado em conjunto pela SOBRAPE e SBEM (clique aqui para ver o artigo) Nós recomendamos que você baixe o arquivo em formato word,  coloque sua logomarca, imprima e distribua a seus pacientes como orientação.   Para baixar o documento, basta clicar na imagem ao lado e salvar.  Depois abra-o no editor Word (MS) e anexe sua logomarca DIRETRIZES PARA PACIENTES COM PRÉ-DIABETES OU DIABETES[1]   Se você foi diagnosticado com pré-diabetes ou diabetes, marque uma consulta com um Periodontista (especialista que cuida da gengiva), para examinar a boca e as gengivas. Um exame odontológico e periodontal completo é necessário. Conheça o seu diagnóstico periodontal. Isso porque pessoas com pré-diabetes ou diabetes têm maior chance de ter doenças gengivais. Se não tratada, a doença gengival pode levar à perda de dentes e pode aumentar os níveis de glicose no sangue. Quanto mais cedo você procurar ajuda, melhor será o resultado. Você pode ter doença gengival se já notou gengivas vermelhas ou inchadas; sangramento de suas gengivas ou sangue na pia depois de escovar seus dentes; gosto desagradável na boca; dentes de aparência mais longa, que parecem ter aumentado de tamanho; dentes moles ou soltos; aumento dos espaços entre os dentes; cálculo (tártaro) em seus dentes. Se você percebeu algum desses problemas, é importante consultar um periodontista o mais rápido possível. Caso não tenha nenhum desses sinais anteriores, você também pode ter doença gengival. Ela pode estar presente e piorar sem nenhum sinal aparente para você, especialmente se você fuma. Então, mesmo que você ache que não tem doença gengival agora, ou se o seu dentista lhe disser que você não tem doença gengival, você ainda deve fazer check-ups dentários anuais com um periodontista como parte do cuidado do diabetes. Seu periodontista será capaz de detectar os primeiros sinais de doença gengival. Você pode pensar que está administrando bem a saúde das gengivas sozinho, mas pode não estar fazendo o suficiente porque tem um maior risco para problemas gengivais. Assim como o diabetes, a doença gengival é uma condição crônica e requer atenção e cuidado profissional ao longo de toda a vida.[2] Você pode prevenir doenças gengivais limpando seus dentes e gengivas a partir de orientação profissional. Uma boa higiene bucal, orientada pelo seu dentista, é um componente essencial de um estilo de vida saudável, assim como a dieta e a prática de atividades físicas. Se você tem diabetes, deve estar atento para outros problemas com sua boca além das doenças gengivais, como doença cárie, sensação de boca seca, queimação na boca, infecções por fungos, ou feridas na boca que demoram a cicatrizar. Lembre-se de informar seu periodontista sobre o resultado de suas visitas ao médico e de fornecer uma atualização dos resultados sobre o alcance das suas metas terapêuticas do cuidado com o diabetes e das mudanças nos medicamentos. É importante manter a boca e todo o corpo o mais saudáveis possível, com cuidados dentários e médicos regulares. Saúde da boca e do corpo não se separam! Se você tem pré-diabetes ou diabetes, lembre-se que o bom controle da glicose sanguínea previne o surgimento de problemas bucais, como as doenças das gengivas. Da mesma forma, os resultados do tratamento dessas doenças costumam ser melhores quando a glicose no sangue está controlada. É fundamental obedecer às recomendações médicas para que os níveis de glicose sanguínea sejam atingidos. Para isso, siga as orientações dietéticas, pratique exercícios físicos com regularidade e tome os medicamentos nas doses e horários corretos. < p style=’font-size: 0.85em’> FONTE: Steffens JP, Fogacci MF, Barcellos CRM, Oliveira CSS, Marques FV, Custódio Jr J, Tunes RS, Araújo LA, Fischer RG. Manejo clínico da inter-relação diabetes e periodontite: Diretrizes conjuntas da Sociedade Brasileira de Periodontologia (SOBRAPE) e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Braz J Periodontol 2022;32(1):90-113.

A Odontologia em tempos de pandemia

Em 8 de Janeiro de 2020, um novo coronavírus foi oficialmente anunciado como o patógeno causador da COVID-19 pelo Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças (Li et al., 2020). COVID significa Corona Virus Disease (Doença do Coronavírus), enquanto “19” se refere a 2019, quando os primeiros casos em Wuhan, na China, foram divulgados publicamente (Fundação Oswaldo Cruz, 2020). Autores * Isabelle Schalch de Oliveira Campos ** Maiara Rodrigues de Freitas *** Profa. Dra. Sheila Cavalca Cortelli **** Prof. Dr. José Roberto Cortelli  “A assistência odontológica apresenta um alto risco para a disseminação do novo coronavírus (SARS-CoV-2), pela alta carga viral presente nas vias aéreas superiores e devido à grande possibilidade de exposição aos materiais biológicos proporcionada pela geração de aerossóis durante os procedimentos”. ANVISA-NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020 Esse documento resume não somente o que a ciência apresenta de dados até o momento sobre a COVID-19 dentro da odontologia, mas também o que as agências regulatórias e outros serviços de saúde tem disponibilizado à nossa classe sobre os riscos de contaminação a que estamos sujeitos ao tratar nossos pacientes. Abordamos ainda os protocolos que, se devidamente seguidos, podem ser eficazes no controle da infecção no ambiente odontológico. Histórico da Pandemia Em 8 de Janeiro de 2020, um novo coronavírus foi oficialmente anunciado como o patógeno causador da COVID-19 pelo Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças (Li et al., 2020). COVID significa Corona Virus Disease (Doença do Coronavírus), enquanto “19” se refere a 2019, quando os primeiros casos em Wuhan, na China, foram divulgados publicamente (Fundação Oswaldo Cruz, 2020). A epidemia (COVID-19) teve seu início em Wuhan, China, em dezembro de 2019 e se tornou um grande problema de saúde pública, desafiador não apenas para a China, mas também para quase todos os países do mundo (Phelan et al., 2020). Em 30 de Janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que esse surto constituiria uma emergência de saúde pública mundial (Mahase, 2020). A maioria dos pacientes acometidos com a COVID-19 corresponde a casos considerados de leve gravidade, todavia os casos podem se agravar chegando até a uma pneumonia severa e óbito.  Os sintomas mais comuns são febre e tosse seca, mas os pacientes podem apresentar também falta de ar, fadiga e outros sintomas atípicos, como dor muscular, confusão mental, dor de cabeça, dor de garganta, diarreia, vômito e alteração olfativa. A doença pode também apresentar complicações graves, como síndrome do desconforto respiratório agudo, arritmia e choque, necessitando nestas condições de atendimento nas unidades de terapia intensiva. Em geral, a idade avançada e a existência de morbidades subjacentes, como por exemplo, diabetes, hipertensão e doença cardiovascular estão associadas à um prognóstico desfavorável (Liu et al., 2020; Wang et al., 2020; Yang et al., 2020). Na França, o primeiro relato documentado foi de um paciente do sexo masculino de 48 anos que estava viajando por razões profissionais em várias cidades da China, incluindo Wuhan, e teve seus primeiros sintomas em 16 de janeiro de 2020. Após voar de volta para Bordeaux, França, em 22 de janeiro procurou atendimento médico e recebeu o diagnóstico da COVID-19 em 24 de janeiro de 2020 pelo Centro Nacional de Referência (Stoecklin et al., 2020). Já nos Estados Unidos em 19 de janeiro deste ano, um homem de 35 anos se apresentou a uma clínica de urgências no condado de Snohomish, Washington, com um histórico de quatro dias com tosse e febre subjetiva. Ele revelou que havia retornado ao estado de Washington em 15 de janeiro, depois de viajar para visitar a família em Wuhan, na China. Dado o histórico de viagens do paciente, os departamentos de saúde local e estadual foram imediatamente notificados. Amostras de soro e swab nasofaríngeo e orofaríngeo foram coletadas e em 20 de janeiro, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do EUA (CDC) confirmou os resultados para COVID-19 (Holshue et al., 2020). No Brasil, o Ministério da Saúde confirmou no dia 26 de fevereiro, o primeiro caso da COVID-19 na América Latina, em um paciente do sexo masculino, 61 anos, diagnosticado na cidade de São Paulo. O paciente deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein na terça-feira, dia 25 de fevereiro, com histórico de viagem para Itália, região da Lombardia (Candido et al., 2020; Rodriguez-Morales et al., 2020). O histórico de viagem autodeclarada e análises subsequentes da variabilidade genética viral confirmaram que esta infecção tinha sido adquirida através da importação do vírus do norte da Itália (Candido et al., 2020). Diante de um quadro epidêmico crescente mundialmente a OMS declarou no dia 11 de março que a COVID-19 é uma doença pandêmica. A decisão foi anunciada pelo chefe da agência, Tedros Ghebreyesus, em Genebra com a seguinte informação “A doença, que surgiu no final do dezembro, na China, está presente agora em 114 países e nas últimas duas semanas, o número de novos casos diários fora da China aumentou 13 vezes. E a quantidade de países afetados triplicou”. Em decorrência do histórico da doença e pelas características dos atendimentos odontológicos tanto no setor público quanto privado, o risco de infecção cruzada pode ser alto entre dentistas e pacientes. Para consultórios odontológicos e hospitais em países/regiões potencialmente afetadas pela COVID-19, são necessários protocolos rigorosos, urgentes e eficazes de controle de infecções (Meng et al., 2020).   Período de incubação O período de incubação da COVID-19 foi estimado em uma média de 5 a 6 dias, mas há evidências de que este período pode perdurar por até 14 dias, que se tornou a duração comumente adotada para observação médica e quarentena de pessoas potencialmente expostas (Backer et al., 2020; Li et al., 2020).  O Ministério da Saúde define quarentena como: isolamento de indivíduos ou animais sadios pelo período máximo de incubação da doença, ou seja, pelo tempo compreendido entre o contato com o agente causador e a manifestação dos sintomas da doença. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, o tempo de quarentena inicia-se a partir da data do último contato do indivíduo com um caso clínico ou portador, ou a partir…